Então, disse o rei aos seus homens: Não sabeis que, hoje, caiu em Israel um príncipe e um grande homem? (2 Samuel 3.38).
Após o falecimento da minha mãe, logo lembrei-me dessa passagem bíblica.
E depois de ler tantas mensagens, receber diversas palavras de alento, escutar áudios de inúmeras pessoas queridas, tenho a firme convicção de que, ontem (dia 12 de outubro), realmente caiu um pilar, uma coluna da nossa igreja.
Avani era uma princesa do Senhor, uma mulher singular. Impossível não reconhecer agora, neste até breve, algumas das qualidades dela: esposa idônea, mãe intercessora, sogra querida, avó amável, amiga sincera. Obediente a Deus, orava de contínuo, se engajava com ardor na causa missionária, era leitora contumaz da Bíblia Sagrada.
Foi professora da Escola Dominical de dezenas de pessoas, hoje adultas e que aqui estão.
Tinha inúmeros predicados. E o tempo naturalmente não me permite elencá-los todos. Se eu pudesse destacar um apenas, eu diria que a lealdade, a altruísta dedicação ao ministério do marido, ao longo de décadas, foi o principal.
Messias era o palco, Avani era os bastidores. Messias era a voz, Avani era a oração silenciosa. Messias era os holofotes, as luzes, Avani era o sinônimo da discrição. E assim caminharam, entre namoro, noivado e casamento, durante cerca de 63 anos. Uma linda trajetória que fica como exemplo para tantos.
Ontem de manhã a família teve a oportunidade da despedida. Palavras de amor para alguém inconsciente, orações feitas do fundo da alma, derradeiros afagos.
O corpo da minha mãe, tão combalido após 35 dias de hospital, sendo 29 de UTI, 14 de intubação, outros 14 de traqueostomia, finalmente sucumbiu.
O que nos conforta é saber que ela não morreu, mas passou da morte para a vida. Como meu pai bem nos lembrou: Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus (2 Coríntios 5.1).
Avani, aqui, era peregrina. Nossa pequena gigante foi, então, para sua verdadeira pátria. Nós, como família, estamos entristecidos, mas não abatidos. Além de especialmente gratos a todos. Foi incrível a rede de orações que se formou, o sem-número de pessoas que nos apoiaram, os diversos gestos de amor cristão. Realmente, não temos palavras para expressar nosso reconhecimento a tantos irmãos, amigos, conhecidos e anônimos.
Mãe, há três semanas eu escrevi um texto dizendo que a gente aguardava a senhora do lado de fora do hospital. Mas a senhora não saiu para prosseguir conosco. Subiu e foi estar com Cristo nos céus, algo infinitamente melhor.
Ficamos aqui, consternados. Não consegui sequer te dar uma última orquídea, o Júnior ficará sem aquele arroz-doce que a senhora sempre preparava para família dele, a Priscila não te ajudará a arrumar a mala da tão esperada última viagem a Israel, o pai não mais terá a fiel companheira diária de oração.
Aprouve a Deus te levar. Sendo assim, só nos resta aproveitar o legado que a senhora deixou e ter em mente o que a senhora diria se estivesse em nosso lugar: “EM TUDO, DAI GRAÇAS!”
João Marcos Rosa